A cartilha era um material muito utilizado para alfabetizar crianças no passado. Isso não quer dizer que elas ficaram extintas. Elas apenas foram deixadas de lado por alguns profissionais que entenderam que a aprendizagem ocorre de forma diferenciada da proposta por teorias que utilizam esse recurso.
Mas o que ela propõe de fato? E por que ela foi deixada de lado?
As cartilhas costumam seguir uma sequência predefinida de lições, começando com conceitos básicos que gradualmente vão avançando para habilidades mais complexas.
Ao usarmos a cartilha, nós aprendemos algumas palavras que depois dividimos em sílabas e posteriormente, com essas mesmas sílabas, construímos novas palavras.
Até aqui, podemos pensar: Nossa, mas tudo isso faz muito sentido. Dessa forma, as crianças progridem na aprendizagem, certo?
Não é muito bem isso! Emília Ferreiro, em 1970, realizou diversas pesquisas sobre o pensamento das crianças com relação ao sistema alfabético. Ela percebeu que desde muito cedo as crianças constroem reflexões e conhecimentos sobre a escrita.
O ensino construtivista não considera adequado o uso da cartilha como recurso pedagógico principalmente porque ela tende a apresentar informações de forma estática e pré-determinada, não permitindo uma construção ativa do conhecimento pelo aluno. No modelo construtivista, o aprendizado é visto como um processo ativo e participativo, no qual os alunos constroem o conhecimento através da interação com o ambiente e com os colegas, e não apenas recebem informações prontas.
As cartilhas geralmente apresentam um conteúdo fechado e sequencial, onde o aluno é apenas receptor passivo das informações, sem espaço para questionamentos, exploração ou experimentação. Diferentemente dos princípios do construtivismo, que valoriza a participação ativa do aluno na construção do seu próprio conhecimento, incentivando a reflexão, a investigação e a busca por soluções.
Além disso, o construtivismo valoriza a diversidade de conhecimentos e experiências dos alunos, reconhecendo que cada um constrói seu conhecimento de maneira única e pessoal.
A metodologia das cartilhas pode fazer sentido para crianças que estão em uma etapa avançada do processo de leitura e escrita. Mas para as crianças que possuem uma ideia mais simples a respeito desse processo, por exemplo, que não percebem a relação entre o falado e o escrito, escrever uma sílaba com mais de uma letra não faz sentido algum.
Mesmo que ainda não alfabetizadas, todas as crianças elaboram hipóteses muito interessantes sobre o funcionamento desse sistema.
Diante disso o professor tem um papel fundamental nesse processo. Ele perceberá aquilo que o aluno já sabe, considerando os conhecimentos prévios, e identificará o tipo de informação necessária para que seu conhecimento avance.